terça-feira, 20 de outubro de 2009

A Odisséia Vestibulanda #1

Parte Um - O Local da Prova.

Vestibular, um tempo de alegria.

Não.

O negócio é que, apesar de ser um cacto no saco ter que aturar o professor, o diretor, o coordenador, a mãe, o pai, os irmãos, os vizinhos, o cachorro, o papagaio e os mendigos ali do viaduto te botando pressão em relação a essa prova dusinfernos, é algo que não é tão horrível a ponto de pedir penico, (ao contrário de coisas do tipo mamografia ou cair pra cima) ainda por cima quando o vestibular é seriado, como aqui em nossa querida e doce Aracaju. A coisa é quando você tem um belíssimo carma cor-de-rosa e todas as piores coisas em relação a vestibular vêm à tona como um bando de jacks-in-the-box sincronizados. É o inferno, a treva, o fim dos mundos regado com maionese.

Por exemplo... quando te mandam para a fronteira final do Hades pra fazer a prova lá.

Aí fode.

Ano passado, era uma coisa belíssima. Todos os meus amigos foram fazer em colégios ultra-elite, com ar-condicionado, arredores silenciosos (ou quase), e, algo igualmente importante, infra-estrutura apropriada. Eu, que fui a louca que saiu correndo pela cidade pra me inscrever de última hora, acabei resolvendo minha prova de vestibular no cu do mundo, num colégio ao lado de um bar e cuja sala calorenta contava apenas com um ventilador. Quebrado. Bem, pelo menos eu não fui fazer no Leandro Maciel, comprovadamente a boca do inferno -- um colégio que fica de frente para um cemitério, ao lado de um bar também, com um ar irrespirável, sem ventilador e, para coroar, uma aguda falta de carteiras (e sua compensação com genéricos menos eficientes). É tanto mato, tanto axé, tanta bosta naquela desgraça que eu acho que teria me matado se tivesse sido convocada pra fazer prova lá.

Mas, bem, não fui. Ano passado fiquei no Orlando Dantas, que também não me proporcionou uma experiência muito boa; afinal, estava quente, o ventilador estava quebrado, estava com cólica e tava tocando Rei da Pisadinha Especial 24 Horas no bar ao lado. Foi sinceramente chato. Mas passou.

Este ano, fui precavida e sagaz; me inscrevi em um dos primeiros dias, veloz e eficiente, rezando todos os terços da vizinhança pra pegar um bom colégio.

Fui conferir hoje, e onde que eu tou?

Colégio Estadual Emilio Garrastazu Médici.

Que ódio.

O Médici parece uma penitenciária. É longe pra cacete da minha casa. Fica nos arredores do Buraco de Lurdes, e isso já deveria ser fator desclassificatório para qualquer colégio por lá. É sério. O Buraco de Lurdes é um prostíbulo de uma aura maligna, segundo os que já avistaram tal construção. Eu nunca vi. Eu tenho medo de ver. Mas, espero que tenha ficado claro que não foi uma seleção muito feliz.

O que me deixa realmente puta é que gente que se inscreveu no mesmo dia que eu ficou em colégio do naipe... Módulo, Ideal, Master. Esses colégios que têm pelo menos ar-condicionados e carteiras.

Porra.

Espero que lá o ventilador funcione. E, pelo amor de Deus, que os bares da vizinhança se vaporizem durante o dia da prova. por favor. Se não, eu aproveito que tou sob o nome do Médici e atiro de bazuca (duas vezes) em quem tocar o Rei da Pisadinha.

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